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terça-feira, 30 de setembro de 2008
Voltaire
"Paixão é uma infinidade de ilusões que serve de analgésico para a alma. As paixões são como ventanias que enfurnam as velas dos navios, fazendo-os navegar; outras vezes podem fazê-los naufragar, mas se não fossem elas, não haveriam viagens nem aventuras nem novas descobertas."
sexta-feira, 26 de setembro de 2008
Verlaine
Oh! por causa de alguém, sem calma,
triste, triste estava minh'alma!
Jamais, jamais, me consolei,
mesmo depois que a abandonei!
E mesmo depois de a minh'alma
procurar longe dela a calma,
jamais, jamais, me consolei,
mesmo depois que a abandonei!
E meu coração, tão sensível,
diz à minh'alma: - É, pois, possível,
será possível, ele insiste
este exílio cruel e triste?
E a alma responde ao coração:
Sei lá porque esta ilusão
de estarmos perto, ainda que ausentes,
e, ainda que longe, tão presentes?
triste, triste estava minh'alma!
Jamais, jamais, me consolei,
mesmo depois que a abandonei!
E mesmo depois de a minh'alma
procurar longe dela a calma,
jamais, jamais, me consolei,
mesmo depois que a abandonei!
E meu coração, tão sensível,
diz à minh'alma: - É, pois, possível,
será possível, ele insiste
este exílio cruel e triste?
E a alma responde ao coração:
Sei lá porque esta ilusão
de estarmos perto, ainda que ausentes,
e, ainda que longe, tão presentes?
domingo, 21 de setembro de 2008
Natália Correia
Como dizer o silêncio?
Se em folhagem de poema
me catais anacolutos
é vossa a fraude. A gema
não desce a sons prostitutos.
O saltério, diletante,
fere a Musa com um jasmim?
Só daí para diante
da busca estará o fim.
Aberta a porta selada,
sou pensada já não penso.
Se a Musa fica calada
como dizer o silêncio?
Atirar pérola a porco?
Não me queimo na parábola.
Em mãos que brincam com o fogo
é que eu não ponho a espada.
Dos confins, o peristilo
calo com pontas de fogo,
e desse casto sigilo
versos são só desafogo.
E também para que me lembrem
deixo-os no mercado negro,
que neles glórias se vendem
e eu não sou só desapego.
Raiz de Deus entre os dentes,
aí, pára a transmissão.
Ultra-sons dessas nascentes
só aves entenderão.
CORREIA,Natália. Poesia Completa.
Publicações Dom Quixote.1999.
Se em folhagem de poema
me catais anacolutos
é vossa a fraude. A gema
não desce a sons prostitutos.
O saltério, diletante,
fere a Musa com um jasmim?
Só daí para diante
da busca estará o fim.
Aberta a porta selada,
sou pensada já não penso.
Se a Musa fica calada
como dizer o silêncio?
Atirar pérola a porco?
Não me queimo na parábola.
Em mãos que brincam com o fogo
é que eu não ponho a espada.
Dos confins, o peristilo
calo com pontas de fogo,
e desse casto sigilo
versos são só desafogo.
E também para que me lembrem
deixo-os no mercado negro,
que neles glórias se vendem
e eu não sou só desapego.
Raiz de Deus entre os dentes,
aí, pára a transmissão.
Ultra-sons dessas nascentes
só aves entenderão.
CORREIA,Natália. Poesia Completa.
Publicações Dom Quixote.1999.
Caminho da solidão
Ó vida, o que esperas e aguardas?
Se nas mãos teu desejo aqui já vem,
E no compasso um amargo convém,
No amparo de um doce sabor de fadas.
Um destino de noites safadas,
O vazio sem fim, trilhas intervêm.
E nos cruzamentos, o trem não vem,
E não encontram essas tuas paradas.
Ó vida, aqui estás, solidão!
Somente, em vão, que já és perdida,
Não há juízo neste pó de coração!
E neste pranto andas invadida,
Que és sem vida, uma mera ilusão,
Estás pequena, e arrependida!
(Ana Cristina Matias, soneto escrito em 29.08.2008)
=D
Se nas mãos teu desejo aqui já vem,
E no compasso um amargo convém,
No amparo de um doce sabor de fadas.
Um destino de noites safadas,
O vazio sem fim, trilhas intervêm.
E nos cruzamentos, o trem não vem,
E não encontram essas tuas paradas.
Ó vida, aqui estás, solidão!
Somente, em vão, que já és perdida,
Não há juízo neste pó de coração!
E neste pranto andas invadida,
Que és sem vida, uma mera ilusão,
Estás pequena, e arrependida!
(Ana Cristina Matias, soneto escrito em 29.08.2008)
=D
sexta-feira, 12 de setembro de 2008
David Mourão-Ferreira
Segredo
Nem o tempo tem tempo
Para sondar as trevas
Deste rio correndo
Entre a pele e a pele
Nem o Tempo tem tempo
Nem as trevas dão tréguas
Não descubro o segredo
Que o teu corpo segrega.
Nem o tempo tem tempo
Para sondar as trevas
Deste rio correndo
Entre a pele e a pele
Nem o Tempo tem tempo
Nem as trevas dão tréguas
Não descubro o segredo
Que o teu corpo segrega.
domingo, 7 de setembro de 2008
Intencional
Ilustre aos céus, ilustre aos pés...
Inefável à alma,
Inimaginável à mente,
Indecente para o olhar,
Inconfundível para a boca,
Inventivo ao ouvido,
Infalível para o coração,
Ímpar para o corpo,
Infelizmente, há pretensão!
Inefável à alma,
Inimaginável à mente,
Indecente para o olhar,
Inconfundível para a boca,
Inventivo ao ouvido,
Infalível para o coração,
Ímpar para o corpo,
Infelizmente, há pretensão!
sábado, 6 de setembro de 2008
Fernando Pessoa
"Escrever é esquecer. A literatura é a maneira mais agradável de ignorar a vida. A música embala, as artes visuais animam, as artes vivas (como a dança e a arte de representar) entretêm. A primeira, porém, afasta-se da vida por fazer dela um sono; as segundas, contudo, não se afastam da vida - umas porque usam de fórmulas visíveis e portanto vitais, outras porque vivem da mesma vida humana. Não é o caso da literatura. Essa simula a vida. Um romance é uma história do que nunca foi e um drama é um romance dado sem narrativa. Um poema é a expressão de ideias ou de sentimentos em linguagem que ninguém emprega, pois que ninguém fala em verso."
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