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quinta-feira, 16 de junho de 2011

Papo de Poeta com Francisco Petros.

Nome: Francisco Petros.

Cidade/Estado/país: São Paulo-SP, Brasil.

Formação: Economista pela PUC-SP, Mestrado em Finanças e Economia, Mestrado (incompleto) em Literatura Comparada.

Blog/sites que participa: Paidéia (http://franciscopetros.blogspot.com), Migalhas (http://www.migalhas.com.br/mig_eco_politica.aspx)

Livros/poemas em antologias publicados: Tempo Inaudito, 2007.

Projetos atuais: Um livro de ficcção em fase de finalização.

Como a literatura começou a fazer parte de sua vida? Meu pai Petros Georgios era um intelectual. Desde a fase mais tenra ele me estimulou a ler os clássicos brasileiros e universais. A partir da fantasia infantil/juvenil construí o meu amor pela literatura.

Quais motivos/autores / obras o levaram a se dedicar ao Universo Literário? A literatura é a forma de expressão mais radical da existência humana. Ali, encontramos a realidade humana radicalizada em sentimentos e percepções que elevam a realidade à categoria de arte. Trata-se da tradução do universo humano por meio do autor que a despeja de volta nas mentes dos leitores.

Que perspectivas tens em relação a Literatura atual produzida em seu país? Infelizmente a literatura requer certa capacidade de abstração que está intimamente relacionada ao processo de aprendizado e educação (formal ou não). Assim sendo, o universo da literatura no Brasil reflete a mazela da educação, atrofiando-a do ponto de vista do "consumo" de livros com boa literatura. Do ponto de vista criativo, o Brasil exala criatividade por todos os poros. Somos um país cujas contradições são iluminadas oportunidades de fazer literatura.

O que é poesia para você? A poesia é, como a música e a matemática, a forma mais intensa e elevada de abstração. Por meio dela podemos extrair imagens e pensamentos que vão muito além da objetiva significação das palavras. A poesia é o sal da literatura. É a expressão mais íntima de uma cultura e o vigor mais intenso daquilo que chamamos "alma humana". É como Deus: onipresente, onipotente e eterna. Mesmo que poucos creiam.

Qual mensagem procuras passar para seus leitores através de seus textos? Sinceramente, não penso nos leitores, enquanto leitores apenas, quando escrevo. Uso as palavras para falar sobre a condição humana, a partir de minha íntima percepção, e sem a preocupação em relação aos seus "resultados". Uma obra literária, um poema, uma música, sai da mente do escritor e, a partir daí, pertence a quem lê, escuta e vê. A literatura é criação do autor, mas é obra para cada criatura. Sem controle, diga-se.

Como você acha que suas obras serão vistas daqui a cem anos? No longo prazo todos estaremos mortos. Não terei controle sobre mim mesmo. Muito menos sobre a minha obra.

Um lugar? Pasárgada.

Uma cor? Verde.

Um autor? Dois: Homero e William Shakespeare.

Um livro? Hamlet.

Amor? É a nossa única alternativa para a sobrevivência.

Solidão? Todos somos sós. A vida a tentativa eterna de romper esta realidade.

Arte? Caravaggio.

Um segredo? Meu novo livro. Uma ficção que temo não ter coragem de publicar.

Ficção? "Ilusões perdidas" (Illusions Perdues) de Honoré de Balzac.

Realidade? Ela não existe. É uma construção humana.

Que recado você gostaria de passar para os leitores do blog? "É absurdo ter regras absolutas sobre o que precisamos ler e o que não precisamos ler. Mais da metade da cultura moderna repousa sobre aquilo que não precisamos ler". Uma frase de Oscar Wilde que vale até hoje nos tempos da internet e do Facebook.


Tempo Inaudito

Tempo sempre inaudito
Mas tempo sempre presente
Torna tudo em um delito, ó maldoso semovente!
Faz morrer desde o óvulo e a semente

Resta-nos a angústia de viver, mesmo que sem imensidão
Mesmo que trôpegos nos temores do tempo
Mesmo que tristes (ou felizes) diante do inevitável
Ainda com alguma esperança nas mãos (e no coração?)

É tempo... Sei que corrompes adrede
Se puderes, deixa viver o presente
Deixa esquecer o passado

Sei que esta seiva que nos resta
Tu também levarás... Eu, irônico, direi então
Tempo, e agora, o que tu farás?

Em “Tempo Inaudito” (2007), por Francisco Petros - Edição do Autor

Um comentário:

Camila Couto disse...

Adorei seu blog...parabéns pelo trabalho!

Presença!!