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sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

A vida

E o que importa se atrás da porta o fantasma é o mesmo,
Se no desejo de despertar um amor,
O coração está com sua porta fechada.
E as flechas lá fora voam com o vento,
Como os grãos de areia soltos pelas ruas.
O que importa se pela janela apenas vejo uma imagem,
Que no final acaba como mais uma paisagem,
E na passagem de uma vida, o descontentamento.
Ouvir o som da rua, as crianças gritando e correndo,
Em que a infância é vivida sem esperanças,
E na misera lembrança de um passado,
Os gritos se dissipam com o som da chuva.
No interior desse coração, um convento,
Uma pequena recordação de sofrimento,
E na fechadura... uma chave quebrada,
No final, uma vida, imensa e perdida.

Por Ana Cristina Matias

Um comentário:

Jaime A. disse...

Na porta, a fechadura
enferrujada pelo pó de Outono,
seco, desgastado.
Vejo num vidro
embaciado,
fosco,
partido algures,
um resto de poesia,
um resto de alguém.
Num prado castanho,
solta-se um corvo,
já não voa,
as asas estão soltas
de breu, flores, suor.
Estalidos na sombra,
um sonho que voltou,
acre.
Há três pontas soltas
que levam as minhas lembranças,
tranquilas talvez.
Pela janela lascada,
o vidro já nem esconde
um palco podre
em ossadas esquecidas.

Presença!!