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sexta-feira, 24 de março de 2017

Natália Correia




Como dizer o silêncio?




Se em folhagem de poema


me catais anacolutos


é vossa a fraude. A gema


não desce a sons prostitutos.




O saltério, diletante,


fere a Musa com um jasmim?


Só daí para diante


da busca estará o fim.




Aberta a porta selada,


sou pensada já não penso.


Se a Musa fica calada


como dizer o silêncio?




Atirar pérola a porco?


Não me queimo na parábola.


Em mãos que brincam com o fogo


é que eu não ponho a espada.




Dos confins, o peristilo


calo com pontas de fogo,


e desse casto sigilo


versos são só desafogo.




E também para que me lembrem


deixo-os no mercado negro,


que neles glórias se vendem


e eu não sou só desapego.




Raiz de Deus entre os dentes,


aí, pára a transmissão.


Ultra-sons dessas nascentes


só aves entenderão.








CORREIA,Natália. Poesia Completa.


Publicações Dom Quixote.1999.




Um comentário:

Unknown disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.

Presença!!